Quase como a dupla McCartney/Lennon, a soma das partes era muito superior do que as somas individuais. Se fossem 4 até poderiam ser os Beatles. Mas eram só três, porque com eles também esteve presente uma linda menina, a Susanna - que, com uma voz fabulosa, foi fazendo fantásticas harmonias (embora me fizesse lembrar por vezes a Olivia Newton-John) com os dois outros homens.
Vou deixar de ser mauzinho, porque eram mesmo 4. Também tinham um baixista, e fui mesmo mau, porque o seu baixo teve exactamente a função que tinha que ter no estilo: encaminhar para o "root" dos acordes, não nos deixando minimamente perdidos nos momentos em que a guitarra se isolava estabilizando-nos as sensações.
A primeira coisa que me marcou foi a humildade do artista BPB que fez de background-vocals da sua primeira parte durante quase 40 minutos. Mas isto não foi o mais importante. A sua voz estava fenomenal. Afinadíssima e emparelhando-se à voz de Susanna reproduzindo uma sonoridade merecendo destaque de um livro milenar.
A segunda coisa que me marcou foi a espantosa habilidade em todos os aspectos do guitarrista Emmett Kelly. Não é com certeza coincidência que até estava no centro do palco. Cantava e deslizava os seus dedos pela guitarra com uma eloquência de super-herói sem super-poderes. Daqueles que merecem mesmo destaque.
Depois de saírem para um curto intervalo, voltaram com outras asas. As asas da composição e da magia de BPB. Num concerto tão intimista que sempre que ele saltava, ouviam-se as chaves que tinha no bolso (acho eu, não fui lá confirmar). Em certos momentos nem precisava de microfone. Literalmente.
Como calculam o concerto foi mesmo fabuloso. Mas não consigo descrever o que foi o "encore". Uma sala em pé à espera do retorno dos músicos, que nem se fizeram esperar muito, recebeu-os novamente em apoteose. Num dos momentos de silêncio fantástico que se sentiram ontem, uma jovem delirava com uma das suas visões "I see a darkness, i see a darkness, ....". E foi aí que ocorreu o momento da noite. Emmett Kelly desliga-se de qualquer electricidade, conversa numa cumplicidade de dois adolescente que se preparam para fazer amor, separam-se um para cada lado do palco e... foi aí, que nos presentearam com um dos melhores momentos musicais a que assisti. Um verdadeiro unplugged do "I see a darkness" cantado e tocado, e se BPB fosse mais bonito poderia até poderia dizer, angelical.
BPB é um artista, um verdadeiro artista. No verdadeiro significado da palavra: criador de arte e segundo um dicionário online, que tem ou exprime o sentimento da arte.
PS: O vídeo que escolhi foi quase aleatório e foi retirado do concerto do dia anterior em Lisboa. Nem me preocupei porque sei que nada que aqui colocasse iria chegar perto do que se viu assumo a falha desde o início.
Já li crónicas bem piores, em diários oficiais. CONTUDO :) o que aglutinei do teu alegre texto foi de que andas a precisar de ouvir alguns gajos realmente bons. CR7
ResponderEliminarGostei do bem piores ;)
ResponderEliminarNão consigo ler um artigo de música prái desde 1992. São maus. Tentam dizer que pessoas que NÃO sabem definir música tocam bem/ muito. Os que escrevem também NÃO sabem. Foi isso que emiti e também de que gostei da tua impressão. tá-se :)
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