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sexta-feira, 6 de maio de 2016

Lubomyr Melnyk: Illorium


Conheci Lubomyr na noite de 3 para 4 de Julho de 2015. Ele apareceu no bar Aduela e assim que o reconheci, fui humildemente ao seu encontro e, na forma calma e suave que me caracteriza tão bem, disse-lhe:

ÉS O MAIOR MÚSICO DE TODOS OS TEMPOS!

Embora seja sempre sincero nos meus exageros, aqui não houve lugar para tal. Em relação à euforia, justifico-a com a baixa probabilidade de encontrarem o vosso músico preferido no vosso bar preferido.

Ele ficou muito espantado que alguém o reconhecesse e conhecesse a sua música. Pelos vistos nunca lhe tinha acontecido.

Quando soube que ele ia tocar no Porto, corri para comprar bilhetes para o seu concerto e comprei os 5 primeiros. Mais tarde iria acabar por perder o bilhete número 1. Talvez quando lhe mostrei que tinha os 5 primeiros bilhetes para o concerto dele. Acabamos por combinar tomar café com mais uns amigos e terminamos o dia dando-lhe boleia até à Foz. No meio de muita conversa Lubomyr disse-nos que a sua música tinha nascido da fome.

Nascer uma música tão bela da fome é como nascerem rosas no meio do deserto. Ou melhor, é como nascerem rosas com frutos suculentos, em vez de espinhos, no meio do deserto.

O concerto que deu na Catedral de Viseu foi das experiências mais fantásticas que tive a sorte de viver. O concerto no Passos Manuel, num formato diferente, com a reprodução em simultâneo de um segundo piano, teve um ponto alto, para mim, quando no intervalo veio ter comigo e diz-me: “David, o segundo piano ouvia-se bem?”. Teve ainda um segundo ponto alto quando lhe ofereci um boneco da Laroca à sua imagem. [Impressão minha ou há aqui um lado quase religioso? Parolo sem dúvida, mas isso já estou habituado.] Ficou mesmo emocionado.

Hoje, Lubomyr lançou um disco pela Sony e de certeza que já não terá mais fome. O disco chama-se Illorium e como tudo o que faz, é maravilhoso.

Ao voltar a ouvir Lubomyr lembrei-me que, eventualmente por fomes diferentes, todos nós passamos e ocorreu-me o ditado popular: “Não há fome que não dê em fartura”. É mesmo verdade. Quem sabe da nossa fome também não cresça algo belo.

“But he who dares not grasp the thorn
Should never crave the rose.”
Anne Brontë

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