sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

Daniel Knox: Mercado 48 (Album)



Daniel Knox lançou hoje o seu álbum "Mercado 48". Entrar na música do Daniel é atravessar o equivalente sonoro do filme da nossa vida. Não o filme que gostaríamos que fosse, mas o filme tal como é: sem maquilhagem, sem suavizar arestas, contado com uma honestidade que às vezes dói. Com luz e sombra, mas acima de tudo, com emoção.

O álbum foi gravado na loja Mercado 48 — um espaço que desafia classificações, a meio caminho entre a arte e o que ainda não sabemos nomear, entre o lugar físico e um lugar de amizade. Um sítio improvável para gravar um disco e, precisamente por isso, o melhor sítio para o gravar.

Já conhecíamos dois magníficos singles, "Don’t Fucking Move" e "Alligator", mas é no corpo do disco que tudo ganha outra profundidade. É um álbum que pede para ser ouvido num ambiente mais escuro, porque a luz, às vezes, atrapalha o que sentimos. No tema de abertura, "Worst of All Worlds", mesmo que a luz já esteja baixa, Daniel não se inibe de invadir o nosso espaço, baixando-a ainda mais. Fica apenas a luz suficiente para que vejamos as notas a entrarem-nos pela pele.

Ao longo do disco, sem sairmos do lugar, o nosso espírito começa a vaguear, numa espécie de dança que, erraticamente, se afasta de nós. Nesse movimento, ficamos sem perceber muito bem de onde estamos a olhar o mundo: se de onde estamos, se de onde gostaríamos de estar, ou de onde estivemos.

Quando começamos a perceber para onde vamos, "Scratch the Itch" embala-nos sem pressa. Quando esse movimento estabiliza e começamos a duvidar quanto tempo pode durar uma dança, surgem temas como "Finders Takers", que nos devolvem a sensação de que ainda podemos recuperar as partes de nós que fomos perdendo pelo caminho. Mas, ao chegar a "Guess Not", percebemos que, independentemente de existirem várias formas de contar uma história — e nenhuma delas ser, verdadeiramente, a certa — a perda continua a ser a mesma.

Daniel canta como quem acompanha uma história. Iludimo-nos de que acompanha a nossa, mas só até admitirmos que, muitas vezes, somos os mais estranhos dentro dela. E mesmo não sendo sobre nós, na música, a beleza e o sentido nunca pertencem apenas a quem semeia — pertencem a quem sente.

E é por isso que "Mercado 48" é um disco profundamente humano. Porque não tenta ser perfeito, não tenta esconder nada. Ao mostrar-se assim, cru e verdadeiro, alcança aquilo que poucos discos conseguem: a estranha perfeição de reconhecer a imperfeição que nos acompanha. E, provavelmente por isso, fica tão perto quanto se pode ficar da perfeição.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2025

Unisex Music: December 2025



A small compilation of mostly calm, reflective and wistful songs. In the image is my late father, who recently passed away. I was truly blessed. I had the best father I could have ever wished for.

segunda-feira, 24 de novembro de 2025

Jimmy Cliff: Reggae Night



Faleceu hoje Jimmy Cliff. Lembro-me de ouvir, à exaustão, este tema que tinha numa K7. Saudades dos tempos em que, com menos, parecia tinhamos mais.

quarta-feira, 5 de novembro de 2025

Unisex Music: November 2025



A compilation of mostly calm, reflective, and wistful songs. The image shows "Compianto sul Cristo Morto", an expressive terracotta group by Niccolò dell’Arca in the Church of Santa Maria della Vita, Bologna.

domingo, 12 de outubro de 2025

Lubomy Melnyk: Barcarolle



Lubomyr Melnyk é um dos grande nomes incontornáveis da minha vida. A sua música tem acompanhado o meu crescimento e envelhecimento. Tem um impacto em mim que mais nenhuma música tem. Sinto uma espécie de calma que é estranha ao meu corpo. Estranha porque, para mim, a calma é um destino e nunca um estado. Digo muitas vezes que, quando morrer, se for para algum lado, será a sua música que quero que acompanhe a minha viagem.

quarta-feira, 26 de março de 2025

Sleeping at Last: Saturn (II)


Não me acredito que só partilhei uma versão desta música uma única vez neste espaço. Este é um dos temas que mais me tem acompanhado nos últimos anos.

quinta-feira, 30 de janeiro de 2025

Lázaro Cristóbal Comala & Micah P. Hinson: Mariela



Este é um tema de constrastes culturais, musicais e vocais.

Tive a sorte, no ano passado, ver Micah P. Hinson na sua "estreia mundial" ao piano em Vila Nova de Cerveira num concerto também de contrastes. O concerto dele começou já perto das 23h30min, tendo atuado às 22h, Pedro Burmester e Mário Laginha. Apesar do concerto ser ao ar livre, a sala já tinha esvaziado bastante para Micah, antes de começar, e o pior é que foi esvaziando. Durante todo o concerto foram muitas pessoas levantando-se durante o concerto. Acredito que não pelo concerto, mas pela hora. Um excelente concerto que se tornou desconfortável por essa movimentação. Foi pena.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2025

Chris de Burgh: Borderline (II)



Desde que comecei a apontar as músicas que ficam presas na minha cabeça desde o acordar, esta foi a música que mais passou. A definição de linhas imaginárias pelas quais lutamos está na ordem do dia. Eventualmente, o meu inconsciente está a lutar contra estas definições.

PS: Sim, o meu inconsciente é um bocadinho "parolo". E não é pouco. Bastante.

sábado, 18 de janeiro de 2025

Unisex Music: July 2024



Como prometido, vou publicar as playlists em atraso. Idealmente, o meu objetivo é, no primeiro dia de cada mês, partilhar a lista de canções que mais se destacaram no mês anterior, mas nem sempre tem sido possível. Principalmente, pela escolha da fotografia. No entanto, apesar de publicadas agora, as música foram escolhidas de acordo com o objetivo referido anteriormente.

Vince Martin & Fred Neil: Lonesome Valley



Quase todos os dias, quando acordo, há uma música a tocar na minha cabeça. Desde o início deste ano, tenho apontado a playlist recomendada pelo meu (in)consciente. Tem passado músicas como "It's raining again" dos Supertramp, "Ouragan" da Stéphanie de Monaco, "Home and Dry" do Scott Matthews, entre muitas outras.

Hoje acordei com este fantástico "Lonesome Valley" retirado do excelente álbum "Tear Down the Walls" (1964).

domingo, 5 de janeiro de 2025

Bruce Springsteen: Across The Border



Retirado do álbum "The Ghost of Tom Joad" (1995), provavelmente o meu disco preferido do "Boss". Este é um fantástico tema sobre o que é deixar a "casa" num percurso incerto.

quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

Unisex Music: January 2025



Estes últimos meses têm sido vividos com grande intensidade. As listas mensais foram elaboradas, mas não partilhadas. Escolho sempre uma foto para acompanhar as lista com um momento que tenha vivido no mês em que fui escolhendo as músicas, o que me atrasa sempre na publicação. Nos próximos tempos farei um esforço adicional para publicar mais, até porque, em princípio haverá novidades, com uma rúbrica nova :)

Um feliz 2025 para todos!